05 maio 2010
TEATRO: SADE EM SODOMA
Depois de Brasília, segue para o Rio de Janeiro (Caixa Cultural) a peça Sade em Sodoma, adaptada para o teatro pelo diretor e dramaturgo Ivan Sugahara, com base em texto de Flávio Braga.
A peça traz uma evolução, se comparada com Uma noite de Sade (1998). Trata-se de uma versão mais discreta, em que orgias e perversões sádicas deixam de ser explícitas para serem subentendidas. Mas tudo é construído com base na ficção Os 120 dias de Sodoma, de Marquês de Sade.
Embora essa ficção seja a fonte da peça, não é fonte de sensualidade, erotismo nem de conteúdo literário de especial valor. Do começo ao fim, Sade delira em torno de perversões levadas ao extremo da repugnância e da insanidade.
Então, qual o valor de uma obra moderna que se baseia nos 120 dias de Sodoma?
Creio que o valor será tanto maior quanto mais consiga mapear nas desordens e desequilíbrios dos 120 dias alguns "genes" das psicopatologias individuais, sociais e políticas dos tempos modernos. Nesse sentido, Sade pode ser útil. A criação artística estaria, principalmente, na elaboração das interfaces entre as raízes daquela ficção e os desvios da nossa sociedade, assim como nas camufladas conexões entre Sade e a violência atual. É ver para conferir.
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(Escrito por Ricardo Zani)
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