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10 abril 2010

A CIDADE MAIS FRIA DO MUNDO

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Yakutsk é uma cidade remota na Sibéria Oriental, com cerca de 200 mil habitantes. É famosa por aparecer no jogo de tabuleiro Risk (versão do War) e por deter a fama de ser a cidade mais fria da Terra. Em janeiro, a média fica em torno de 40ºC negativos. A névoa que cobre a cidade restringe a visibilidade a 10 metros. É a capital de Yakutia, região que abrange mais de 2.6 milhões de quilômetros quadrados e onde vivem menos de 1 milhão de pessoas.

Parada de ônibus. Para os nativos, 40º negativos é considerado frio, mas não  muito frio.

A região foi inicialmente conquistada pelos russos por volta de 1630. No século XIX, era usada como prisão aberta para dissidentes políticos. Anton Chekhov, em sua Jornada de 1890 pela Sibéria, pintou um quadro sombrio da vida dos prisioneiros dali. "Eles perderam todo o calor que já tiveram", escreveu. "As únicas coisas que lhes restam na vida são vodca, vagabundas, mais vagabundas, mais vodcas... Não são mais seres humanos, mas bestas.” Lenin e Stalin foram dois dos presos políticos exilados em Yakutsk.


A região é rica em ouro e diamantes, razão pela qual os soviéticos decidiram transformar Yakutsk num importante centro regional, primeiro com o sistema de trabalho forçado do Gulag, depois colonizando a região com milhares de voluntários em busca de aventura, melhores salários e a chance de construir o socialismo no gelo. A megaempresa Alrosa, responsável por 20% da oferta mundial de diamantes brutos, tem sua sede na região. Com o tempo, Yakutsk se transformou em cidade de verdade, com hotéis, cinemas, uma ópera, universidades, entrega de pizza e até zoológico. Na construção civil, os operários trabalham enquanto a temperatura se mantém acima de 50º negativos. Abaixo disso, até o metal se torna quebradiço. As aulas são suspensas quando o termômetro cai abaixo dos 55º negativos. 


A maioria dos carros é importada do Japão, de segunda mão. Aparentemente, resistem melhor ao frio do que os veículos russos tradicionais. Ainda assim, os moradores costumam deixar o motor funcionando, se vão parar apenas por meia hora.E alguns o deixam ligado o dia inteiro, durante o expediente de trabalho, para garantir uma temperatura minimamente tolerável na volta para casa. A fumaça dos escapamentos contribui para a névoa que paira sobre a cidade.

Não há ferrovia até Yakutsk. As opções são uma viagem de 1,6 mil quilômetros de barco subindo o rio Lena, nos poucos meses do ano em que ele não está congelado, ou, então, a "estrada dos Ossos", uma rodovia de 2 mil quilômetros, construída por prisioneiros do Gulag (o sistema penal soviético). De avião, até Moscou a viagem leva seis horas num precário Tupolev. A passagem custa pelo menos RS 1,8 mil ida e volta, valor elevado para um país em que o salário médio é de RS 930 por mês.

Rodovia Moscou-Yakutsk

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