Estou chegando de uma viagem super-rápida a São Paulo e a visão da cidade continua no centro dos meus pensamentos. Por isso, neste momento é um pouco difícil falar de qualquer assunto que não seja o perfil, a grandeza, o luxo, a pobreza e o fedor da capital da minha terra. É claro que isso só acontece porque, depois que me aposentei na segunda carreira, tenho ido pouco a Sampa, muito pouco. Se fosse morador de lá ou visitante habitual, dificilmente perceberia o que a cidade tem de diferente.
Quem quiser, pode concluir que isso é papo provinciano. Contudo, será mais fácil enquadrar tal conclusão como esnobismo do que este papo como provinciano, até porque estou falando da terceira maior cidade do mundo. Tampouco digo que só vejo maravilhas na cidade. Nada disso. Vejo as maravilhas, circulo na Paulista, nos Jardins e Itaim Bibi, mas também pego o metrô, desço na Luz e me incomodo com a decadência ostensiva de certas áreas, sobretudo com a cracolândia difusa à luz do dia e me sinto angustiado ao ver seres humanos desacordados, em meio ao lixo fétido de ruas horríveis. E sei do inferno que é o trânsito, da complicada poluição e da assustadora criminalidade.
Também não digo que é a melhor qualidade de vida entre as capitais brasileiras. Neste quesito, Brasília continua em primeiro. Também é provável que não seja a melhor infra-estrutura, mas tem coisas que impressionam. Outro dia, por exemplo, duvidei que Nova Iorque pudesse ter 16 mil restaurantes, como dizia a informação de um guia. Mas nem parece tão assustador, quando se descobre que São Paulo tem 12 mil.
Mais de 30 shoppings, maior frota de jatos particulares do mundo, maior revendedora Ferrari do mundo, maior frota de helicópteros, taxa de alfabetização de 95,4%; endereço de 60% dos milionários do Brasil, além de maior cidade japonesa fora do Japão e maior cidade portuguesa fora de Portugal. Se fosse um país, o Produto Interno Bruto (PIB) do município de São Paulo estaria entre as 50 maiores economias do mundo, no mesmo patamar de Chile, Kuwait, Nova Zelândia e Hungria. Mas não fica por aí. Há outras estatísticas que vale a pena conhecer.
Queiramos ou não, todos nós temos algo de São Paulo e ela, um pouco de nós. Algum dia, em alguma página, direi que é Pujante esquina do Brasil/que o mundo verá ou viu/antiga garoa fria/sempre chama da economia.
Como Caetano cantou, São Paulo é única. É a Sampa “Da dura poesia concreta de tuas esquinas/Da deselegância discreta de tuas meninas”. Entenda-a ou afaste-se.
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