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04 abril 2009

O MUNDO É UM MOINHO


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Na última quinta, todos tiveram a chance de ver o filme Cazuza - o tempo não pára, sobre a louca e breve vida do cantor e compositor, exibido pela Rede Globo em canal aberto.
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Quero falar de um breve momento do filme. Durante um ensaio do Barão Vermelho, não se sabe por que, de repente Cazuza resolve cantar um samba de Cartola. O grupo não entende, não gosta e não concorda. Cazuza insiste e acaba levando um cala-boca do Frejat, que adverte: "Isso aí é samba. Barão toca rock!!"

A música que Cazuza queria cantar é O mundo é um moinho. Aliás, é fácil deduzir que para ele próprio a vida foi o que diz o título da canção. Bem, essa música é uma daquelas que escondem uma história chocante. Ao contrário do que a gente pode supor ao ouvir a letra, Cartola não está falando de um caso amoroso, uma desilusão ou de uma traição. Dizem que Cartola a compôs durante uma noite em claro, em profunda tristeza, ao descobrir um lado da vida de sua filha (nada disso é mencionado no filme). Dizem que, longe de casa, essa filha levava uma vida, digamos, chocante demais para o coração de um pai. Vejam, então, a reação do compositor. Fez o contrário do que muitos fariam: compôs uma música para ela. E me arrisco a dizer mais. A letra não sugere acusação nem condenação, mas um lamento doloroso por alguém que se tornou vítima. Vítima de um moinho que tritura sonhos e pessoas.
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Cazuza não cantou naquele ensaio, mas cantou depois. E muito bem. Ouça O mundo é um moínho, na voz de Cazuza.
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