.
No quarto de Fernando Pessoa,
pergunto às paredes
pelo homem comum,
sem fama nem legenda
– o homem verdadeiro,
de carne e osso,
porventura com caspa e mau hálito.
Espero que me contem
de sua solidão ácida,
de seus sonhos confusos, viscerais,
de alcoólico,
de seu onanismo
engrinaldado de nádegas adolescentes,
de seus ideais
fora da medida da razão,
dos versos que faltam à ampla arca,
sonhados mas não escritos,
da sua morte humilhante
com pseudônimo de cirrose.
Oh! Tu que tudo sabes!
Mais uma vez,
ouso perguntar-Te:
por que a grandeza é dor?
De Poesia — II, 1998 - de Cassiano Nunes, poeta, professor, dramaturgo e pensador - *1921 +2007.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário