É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode o seu favor
Nos mortais corações conformidade
Sendo a si tão contrário o mesmo Amor?
(Camões)
Está aí uma das tantas coisas lindas de Camões. É claro que o leitor tem de "desembaralhar" a ordem de colocação de algumas palavras para entender, porque o poeta mudava muito a ordem dos termos.
Estou postando porque é bonito e inspirador, numa tarde de sexta, e porque o soneto é bem ilustrativo para o estudo dessa arte.
A repetição do verbo conectivo (é... é... é... ) ilustra a premissa poética da recorrência, da volta, do movimento que, apesar de retornar, segue e se expande com vigor, como ensina o mestre Alfredo Bosi. Sobre esse soneto, comenta ele que a repetição do verbo impele o período para frente, clareia a exploração semântica do sujeito comum, Amor, e repuxa em direções novas o paradoxo inicial do Amor que é fogo e que arde sem se ver.
A repetição poética não pode fazer o milagre de dar o todo agora. Ao contrário da visão fulmínea, ao contrário da posse, ela dá o sentimento da expectativa. Linguagem, agonia. A repetição nos preme a conhecer o signo que não volta: as diferenças, as partes móveis, a surpresa do discurso.
Ou seja. a anáfora põe e repõe continuamente diante do nosso espírito a intenção que anima todo o poema de Camões: o querer-dizer-o-que-é-Amor.
Bem, depois desse breve "estudo", só resta desculpar-me por tantos hífens aí no texto, mas não há erro não, pelo menos sob o ângulo da semiótica. Beth critica meus textos dizendo que eu meto hífen em tudo. Talvez eu exagere mesmo, mas sou de opinião de que se erra mais por omitir do que por colocar hífens generosamente. Até procurei uma apostila sobre o uso do hífen, que preparei há muito tempo, mas... não encontrei. Deve estar aqui nesse paiól de papeis (meu escritório).
Agora está na hora de ir para a academia, mas acho que não irei. Por discuido meu, levei um "mal jeito" lombar nos exercícios da última quarta-feira e estou meio travado. Espero estar bem até amanhã, pra fazer aquele passeio gostoso de moto, em dia de sol bonito, como foi no último domingo (o dia estava lindo, o lugar onde fui, nem tanto, lá no Morro da Capelinha, em Planaltina... descobri, tarde demais, que não havia boas opções de restaurante por lá, então... foi mal, tive de encarar um restaurante "quilão" bem varejão mesmo, rsss )
Bem, sem academia, aproveito o tempo para colocar algumas coisas em dia, como e-mails, telefonemas e para decifrar os recursos avançados deste Blog, que ainda estou longe de dominar.
Então, paro pra pensar na agonia dos sete russos que ficaram presos num submarino, a 190 metros de profundidade, com os propulsores enroscados em redes de pesca no fundo do mar, com oxigênio para dois dias somente. Até poucas horas atrás, ninguém havia encontrado uma soluçã. Retirá-los de lá antes que se esgote o oxigência é um desafio para a tecnologia e a imaginação de todos. Que Deus os ajude !
Enquanto isso, vou digitando com uma só mão, porque a outra está segurando um pedaço de pão com queijo ligth, porque a saladinha que comi no almoço foi leve demais. O lanchinho de reforço também está leve, como tudo aqui em casa. Refrigerante light, queijo light, pão light para desespero da coitada da faxineira...
À noite, na sexta, dou tregua à dieta ligth. Vai bem uma pizza e cerveja da boa. Pra quem gosta de cerveja, uma dica. A "safra" de Itaipava que chegou a Brasília está um néctar !! Passei no Extra ontem e trouxe quatro caixas pra casa... Você me acompanha na cervejinha ?
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