Todos sabem
que a decisão judicial que bloqueou o WhatsApp em maio tem relação com outra
medida, já adotada em dezembro, quando um juiz de Lagarto - SE solicitou o bloqueio temporário do WhatsApp em todo o país, porque os donos do aplicativo deixaram de fornecer informações para uma investigação criminal.
Mas o que ninguém sabia é que ambas têm relação com profecias que datam do início era cristã. Dizem as escrituras que, disposto a eliminar pela raiz o receio de que um novo rei surgisse em territórios sob seu domínio, Herodes procurou saber quem era e onde estava a anônima criança que viera ao mundo profetizada como messias.
Mas o que ninguém sabia é que ambas têm relação com profecias que datam do início era cristã. Dizem as escrituras que, disposto a eliminar pela raiz o receio de que um novo rei surgisse em territórios sob seu domínio, Herodes procurou saber quem era e onde estava a anônima criança que viera ao mundo profetizada como messias.
Mas, como suas
buscas foram infrutíferas, quis o rei que o peso do poder compensasse o
fracasso das buscas. Então, segundo versão não escrita nem conhecida, ordenou que os sacerdotes e centuriões encontrassem algum jeito, qualquer que fosse, de deter o futuro
messias.
Dias depois,
um dos sacerdotes o procurou para confidenciar-lhe um sonho ou visão – não
se sabe ao certo – que poderia apontar uma solução. Explicou que um anjo se manifestou nessa
visão, mas veio das sombras e abismos, não da luz.
Materialista,
afoito e prepotente, Herodes queria saber da solução, não da sua origem,
nem tampouco se esse anjo tocava banjo, harpa, cuíca ou pandeiro. Eis então
que o sacerdote lhe reproduz a mensagem trazida pelo anjo torto:
“Majestade,
adoteis o critério infalível de legisladores e doutores dos séculos futuros,
que advirão nos tormentos finais, no último reino da decadência. Viverão em florestas
verdes sob impérios negros, em vermelhas brasas de pau brasil, alhures e além-mar. Extremistas
serão os métodos, mas simples e fácil será a execução. Pois que, incapazes de
reconhecer malfeitores na multidão, por malfeitores tomarão a todos e ao povo
em geral. Ungidos no ópio da desordem ética, aos condenados renderão
plenas honras e aos retos e honrados, mão de ferro e desprezo. Impotentes para
desarmar os maus, desarmarão os bons. Fracos para apartar os alucinados das
rédeas em urbes e vias, das rédeas e lemes apartarão até aqueles que bendito cálice
sorverem à mesa abençoada.”
Não consta
que Herodes tenha abstraído todo o sentido da profecia, mas seu instinto malévolo prontamente absorveu o lado cruel da mensagem. Ordenou, então,
que todas as crianças, abaixo de dois anos, fossem sumariamente
eliminadas.
Não cabe
supor nem insinuar que a decisão de Lagarto tenha-se
inspirado em Herodes ou que exista analogia no núcleo dos enredos. Na Palestina, havia
um inocente na mira do rei, aqui há suspeitos na mira da Justiça. Mas cabe admitir
a indagação: Herodes se inspirou no critério de Lagarto?
Pelo que se
infere de tal critério, se os agentes do crime se comunicassem entre si por
pombo-correio e a investigação fosse incapaz de identificar qual pombo é o
mensageiro, então seria o caso de decidir pelo extermínio dos pombos?
Na mesma
linha de raciocínio, caso a comunicação fosse por sinais de fumaça, então todo
fogo haveria de ser proibido? Sim, mas caberia ressalva. No teor da ordem judicial, o fogo do inferno estaria liberado.
No inciso
primeiro da ressalva, viria a explicação “Todo fogo do inferno fica liberado, pois não cabe a este tribunal contrariar a natureza e as práticas
de instâncias mais avançadas.”
Escrito por: Ricardo Zani
Gênero: Ficção
Escrito por: Ricardo Zani
Gênero: Ficção
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