Ah,
que desejo de permanecer mais um tempo sobre os altos da Chapada Diamantina de onde
os olhos amiúdam para aproximar os longínquos campos de cujo chão nascem outras,
mais outras e seguidas montanhas tortuosas.
Ao
observar as dobras sobre dobras de tantas montanhas a se estenderem até aonde a
vista esbarra em cores e formas inebriantes, sentimo-nos super-homem nietzschiano.
Do
alto da serra a alma é confrontada com os desejos alcançados e levianamente
instiga novas aventuras.
Sobre
as motocicletas, olhando para tantos passados vividos e agora a perseguir um
futuro a ser ludicamente tramado, encontramos cúmplices nas almas livres dos
companheiros de aventura.
Depois
que as montanhas ficaram às costas, nossas motos curvam-se sobre a tortuosidade
das estradas e enfileiram-se sobre os retões que nos levam aos mares da Bahia.
Insanos devaneios que borbulham sob o vento
rompido! O zuar das motos dá olhos às montanhas, sacode o adormecido sertão baiano
e desperta desejos naqueles que nos assistem passar!
É
sobre as motos que percorremos serenos e saudosos o passado, e impávidos
tecemos desejos de futuro. É sobre nossas motos que nos acompanheiramos, mesmo separados
alguns metros uns dos outros.
Nossas
motos deslizam sobre o asfalto e se perseguem em fila indiana, curvam e
descurvam, ora para a direita, ora para a esquerda.
De
Correntina, a lembrança de Pedrão fazendo-se passar por artista da Globo, a
distribuir autógrafos até se aventurar a chutar a bola que o levou ao chão! De Itacaré,
a recordação de um mar calmo, acolhedor e
disposto a nos sustentar no balanço das ondas se mescla à efervescência de
turistas de língua espanhola e inglesa. De Canavieiras, o mar e a praia que nos
pertenciam! Lá persistem os casarões de uma época da qual já ouvimos falar. Em
Canavieiras, o Galvão inscreve seu nome na blusa da alemã, que não pronuncia
uma palavra em português, mas que se faz entender pelo olhar, pelas mãos, pelo
sorriso; o Nilson absorto nas ondas mansinhas que desbeiçam sobre a areia, talvez lhe trazendo as lembranças e a vontade de
compartilhamento com tua mulher e com tuas filhas; o Regimar (quem sabe acompanhado pelas lembranças do seu curumim,
João Mauro?!) percorre a areia fina
sempre delimitada pelos altos coqueiros e pelas borbulhas do mar sobre a praia.
Ah, as estradas! Elas reclamam por atenções. E
as pessoas com quem cruzamos se espantam ao saberem que viemos de Brasília.
Infelizmente,
a exuberância do céu, das serras da Bahia, das praias e do oceano contrasta com
o infortúnio de muitos baianos que ainda vivem à margem das conquistas socioeconômicas
deste Brasil.
Fica
a esperança de voltarmos um dia, para vermos corrigida essa desigualdade...
Wellington
20/05/2014
Da esq. para direita: Pedro, Nilson, Regimar e Wellington.
Pedro, Wellington, Galvão e Regimar.
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